08/03/2009

Vírus_080309.

Vírus_080309.
Dia Internacional da Mulher, ou Bucetas molhadas pelo padrão eleito.


Pois tudo flui. Como sempre tudo fluiu. E o ponto é a gestão do fluxo. Gerenciamento do fluxo. Para que se flui. Para onde se flui. Teleologia fluida. Fluxos-significantes.

O que se sente é fluxo. E o ponto é erigir uma ciência (ou anti-ciência?) das fronteiras dos sentidos. Pois estímulos constituem o que se sente. Chamam de cultura, erigir afetos significativos. Mundos significativos. Coerentes edifícios de sentido. Coerentes edifícios de sentido, pois sentir só ou sentir-se só seria um convite à loucura, ou à iluminação. Aquele que se encontra só ou é louco ou um deus, diria o sábio filósofo. Pois há de se sentir em rebanho, o medo de estar - sozinho te levando a saber e sentir como o outro. O medo de estar - sozinho canalizando sua energia em fluxo. Energia canalizada, apropriada, utilizada – teleologia fluida, gerenciamento do fluxo. Tuas forças gerenciadas, teleologia. Quais os teus fins? Quem os definiu? Sente em teu coração a verdade?

Uma menina de nove anos foi estuprada pelo padrasto. Ela já ovulava. Aos nove anos está grávida de gêmeos. Meninas de quinta-série do ensino fundamental pintam os lábios. Vi meninas caminhando na praia que, ao ver o sinal de serão fotografadas posaram com dedos em “V”, sorrisos plásticos, requebrando os quadris: abrem seu corpo a um novo fluxo. A máquina e seus significados engendraram em seu corpo um novo funcionamento. Perfis de orkut. Poposudas. Fotos de modelos sem camisa. Telenovelas e modelos-atores. Tesão. Sungas. Vende-se sexo. A qualquer idade.

Miseráveis. Material e espiritualmente miseráveis. Mimetizam. Pret-a-porter de quinta categoria. Cópia da cópia. Fardados de sub-moda. Calcinha fio dental e pintos duros. A menina de treze anos escolhe seu novo parceiro. A moça de trinta anos requebra os quadris para o hormonizado menino bonitinho de quatorze. A moça na praia, de mãos dadas com seu namorado rebola sua bunda-fio-dental ao cruzar olhares com um estranho mais bombado do que seu namorado de sunga branca. Senhoras de sessenta anos com pôsteres de celebridades fazem sexo com seus maridos de olhos fechados, no escuro e imaginação solta. Tesão em fluxo. Tesão estimulado. Relações genitais. Desfiles eróticos fashion week. Psy-Trance. Sertanejo Universitário. Pagode. Madonna. Asseclas de Madonna – mulheres no cio, miando no microfone, sob uma base eletrônica. Shows de corpos celebrantes e requebrantes. Tesão ao olhar, tesão de olhar. Suspiros em trezentos e sessenta graus. Paus maiores e cada vez maiores. Músculos maiores e cada vez maiores. Novos modelos de roupas nas vitrines (mude seu estilo a cada seis meses). Modelos aerodinâmicos de plástico nas concessionárias de automóveis. Pessoas e objetos em fluxo – tesão-pessoas-objetos. Seres fabricados sob a égide do tesão. Ídolos juvenis sem camisa. Bucetas molhadas pelo padrão eleito. Suspiros, gritinhos e olhares nos corredores dos shopping centers.

Demônios rodeando uma humanidade enfraquecida. Os pequenos insetos me avisam que algo está errado. Minha solidão arde no peito. Saudades dos seres de minha raça. Esquecido neste planeta, escrevo linhas ao léu. (ou preparo o terreno para os senhores do futuro).